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500 horas de trabalho para construir um 3008 DKR Maxi para o Dakar

8 Janeiro, 2018

Numa altura em que o Dakar já está no terreno, competição que vai na sua 40ª edição, a Peugeot decidiu divulgar alguns pormenores mais técnicos que tem a ver com a construção do seu 3008 DKR Maxi, com o qual competem quatro duplas de pilotos neste evento.

Na montagem de uma unidade do 3008DKR Maxi trabalham três mecânicos, ao longo de 4 semanas, totalizando cerca de 500 horas de trabalho. O processo começa com um chassis multitubular despido e termina com a colocação em funcionamento do motor e os testes de rotina nas instalações da Peugeot Sport.

O Peugeot 3008 DKR Maxi é uma evolução do modelo que venceu a anterior edição do Dakar e que, por sua vez, também derivava do conceito original, criado com o PEUGEOT 2008 DKR.

Na conceção de todos eles foram empregues sofisticadas ferramentas de desenho por computador (CAD), em que se gera um modelo informático do veículo completo como base para integrar cada um dos seus componentes. À medida que as diferentes partes que formam o carro vão sendo desenhadas, procede-se à sua fabricação nos materiais indicados, tornando realidade o que os designers conceberam naqueles computadores. Cada peça construída é testada separadamente de forma a comprovar o cumprimento dos parâmetros de resistência e rendimento definidos na sua conceção.

As diferentes evoluções vão-se encaixando nesse modelo e o conceito original vai-se transformando em função das alterações regulamentares e da procura por um aumento constante do rendimento em todas as suas facetas. O Peugeot 3008 DKR Maxi mantém nos seus genes uma boa parte do ADN do Peugeot 2008 DKR, mas a evolução fez com que seja um modelo muito diferente.

Montagem

O chassis multitubular em aço de alta resistência do Peugeot 3008 DKR Maxi é a parte central do carro e é sobre este que se vai montando a restante mecânica associada a um buggy do Dakar.

O primeiro passo consiste em unir a essa estrutura a célula de segurança em fibra de carbono, com a qual se forma a célula de segurança do habitáculo. Este complexo processo de união é feito com resinas e colas específicas. A este bloco central são depois aparafusados os subchassis dianteiro e traseiro – também tubulares e em aço- e é montado o enorme depósito de combustível, de elevada segurança e com 400 litros de capacidade, necessários para poder enfrentar as verdadeiras maratonas que são as Etapas de um Dakar.

O passo seguinte é a instalação do sistema elétrico e da arquitetura eletrónica, com a sua extensa cablagem, ligações e centralinas eletrónicas. O Peugeot 3008 DKR Maxi emprega três cérebros eletrónicos: o principal, que recolhe e processa informação de múltiplos sensores em tempo real, um segundo, que fornece energia elétrica a cada componente, e o terceiro, que faz a gestão do motor.

Daqui, passa-se para a montagem do motor, um diesel V6 biturbo: em primeiro lugar instala-se o bloco do motor e sobre este são acoplados os diversos elementos periféricos (sensores, bombas, correias, tubos de borracha, juntas…). Com o propulsor já apoiado nas suas ancoragens, começa-se a trabalhar nas ligações ao piso, sendo primeiro acoplados os elementos da suspensão, com os seus diversos braços e impressionantes amortecedores duplos.

As suspensões, dotadas de um enorme curso, de forma a poder superar praticamente qualquer obstáculo, são um dos componentes chave de um carro do Dakar e foram o elemento sobre o qual mais se trabalhou este ano, com o objetivo de ganhar estabilidade fora das pistas, um tipo de terreno que ganhou um peso significativo para a presente edição do Dakar. A Peugeot Sport trabalhou em novas suspensões e o resultado mais visível é um aumento de 20 centímetros nas vias, devido à nova cinemática das suspensões. Foram introduzidas modificações tanto nos triângulos de suspensão inferiores e superiores, como nas mangas de eixo e nos veios de transmissão. Nesta etapa, o trabalho finaliza-se com a montagem dos cubos, sobre os quais são aparafusados os travões e as jantes, enquanto no eixo dianteiro se procede à instalação da direção.

O Peugeot 3008 DKR Maxi começa, então, a tomar forma e recebe o conjunto de embraiagem e caixa de velocidades, que se vêem acopladas ao motor e aos veios de transmissão. Paralelamente, o habitáculo vai sendo preenchido com a enorme quantidade de elementos necessários, desde as bacquets e cintos de segurança, à coluna de direcção, pedaleira e comandos da caixa de velocidades e travão de mão, passando por toda a instrumentação que rodeia o piloto e o seu navegador, com a qual se controlam todas as funções do carro e da navegação.

Antes da montagem definitiva da carroçaria exterior, concebida em fibra de carbono, coloca-se o motor em funcionamento e realizam-se diversos testes de rotina, para assegurar que está tudo pronto e conforme os requisitos. Nesta altura falta apenas colocar o carro a circular pelas instalações da Peugeot Sport, antes de o colocar no camião que o irá transportar até ao local escolhido para realizar os primeiros testes.

Antes de alinhar numa primeira competição oficial, foram cumpridos mais de 18.000 km de testes entre Marrocos, Portugal e França, durante os quais são postos à prova todos os componentes nas mais duras condições. Nestas sessões de testes é recolhida uma grande quantidade de informação sobre o rendimento e a fiabilidade de todos os componentes, depois utilizada para fazer os eventuais ajustes e modificações. Também se trabalha intensamente com os pilotos na afinação e configurações das regulações básicas para os diferentes terrenos e situações que se enfrentam no Dakar.

No total, na montagem de cada unidade do Peugeot 3008 DKR Maxi, desde o chassis despido até ter o carro completo, trabalham três mecânicos durante 4 semanas, somando cerca de 500 horas de trabalho. O melhor que pode ser dito à equipa, depois de um ano inteiro de trabalho a dar vida a uma nova máquina de competição, são palavras como as de Carlos Sainz, depois de o conduzir pela primeira vez: “É um enorme passo em frente face à anterior versão, senti que fizemos enormes progressos. A diferença mais visível é o alargamento das vias, que deverá permitir-nos atacar com mais energia nas curvas. O carro parece mais estável nas seções rápidas e nas pistas mais duras. Inspira confiança, é rápido fora de pista e defende-se bem nos caminhos de trial. Com o passar dos anos torna-se cada vez mais difícil melhorar o conjunto, mas o trabalho dos engenheiros da Peugeot Sport tem sido excelente. Tentei ajudá-los em tudo o que foi possível e é fantástico ver os engenheiros tentar obter o máximo de um veículo que já tinha sido otimizado e prosseguir com o seu processo de desenvolvimento desde que regressamos do Dakar de 2017”.

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