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JLS – Manutenção e pneus com diferentes abordagens

31 Janeiro, 2018

Com mais de duas centenas de camiões e alguns veículos comerciais, a JLS – Transportes Internacionais, há muito que definiu a sua política de manutenção da frota, através de uma abordagem muito pragmática.

TEXTO PAULO HOMEM

A dimensão das instalações em Viseu da JLS – Transportes Internacionais não deixam qualquer dúvida sobre a dimensão da frota da frota. São cerca 250 veículos motor, numa frota que vai desde os 3.500 Kg até às 40 toneladas. Afetos à distribuição porta-a-porta a empresa possui 12 veículos, neste caso encontram-se alguns veículos até às 12 toneladas, mas o grosso dos veículos dedica-se ao transporte internacional, visto que a grande maioria dos clientes da JLS são estrangeiros.

Logística, distribuição, carga geral, temperatura controlada, porta-contentores, entre outras, são algumas das operações que a JLS faz para o mercado, o que lhe permite ter uma frota diversificada para dessa forma atender às necessidades dos clientes.

“Temos uma frota assente essencialmente em quatro marcas. MAN, que é a mais representativa, depois Renault, Iveco e Scania. Também temos Volvo, em fase de ensaio, depois veremos se passará a integrar a frota”, começa por dizer Nelson Sousa, Administrador da JLS – Transportes Internacionais, referindo que “ter diversas marcas é uma decisão estratégica para não colocarmos os ovos todos no mesmo cesto. Nesta altura a marca mais representativa tem 30% da nossa frota, mas estrategicamente nenhuma marca poderá ter mais de 50% de representatividade”.

A escolha das marcas com que a JLS trabalha tem muito a ver com o desenvolvimento dos produtos (camiões), o timing de lançamento no mercado e o ciclo de investimento da empresa. “Estamos num setor que obriga a muito investimento. Por cada ciclo procuramos sempre a melhor solução de mercado, quer do ponto de vista comercial, quer técnico”, refere Nelson Sousa, que num passado recente renovou 50% da frota, que era maioritariamente DAF, por via do encerramento da Evicar.

“Todas as marcas têm investido muito no desenvolvimento técnico dos seus veículos, como noutros aspetos, como a melhoria do conforto para o motorista. O que nenhuma marca consegue garantir é que os seus veículos não dão problemas. Ninguém consegue garantir, num produto ou num serviço, que não tenha um problema, a diferença está muito vezes na atitude que a marca tem perante os problemas”, refere o Administrador da JLS – Transportes Internacionais.

3 anos de idade média

Uma das características da frota da JLS é a sua baixa idade média, que é inferior a três anos. Trata-se de um imperativo estratégico para a esta empresa de transportes manter uma baixa idade média, que se explica mais uma vez pelos ciclos de investimento. “Avaliamos o negócio e o custo de oportunidade, mas desde há mais de 10 anos que a nossa aposta tem sido na aquisição da frota com contratos de manutenção e reparação a sete anos, que é o ciclo de vida esperado do camião, embora a troca seja efetuada antes desse período”, refere Nelson Sousa, explicando que “o custo de oportunidade é muito importante, pois entretanto observamos que no mercado existem camiões diferente e melhores, que não são analisados unicamente na perspetiva de rentabilização do equipamento, mas sim na perspetiva do custo de exploração”. Outro fator que a JLS têm em conta em termos de investimento na frota tem também muito a ver com o ciclo tecnológico dos veículos.

Contratos de manutenção e reparação

Toda a frota da JLS está sobre contratos de manutenção e reparação (exceto a frota de ligeiros, onde existem acordos comerciais com a marca e com as oficinas prestadoras), já que no entender do Administrador da empresa “é nosso entendimento que cada empresa se deve especializar naquilo que melhor sabe fazer. No nosso caso são transportes, no caso das oficinas de marca é fazer a manutenção e reparação”.

Considera o mesmo responsável que o aumento da tecnologia dos camiões atuais, o cada vez maior volume de informação técnica, as exigências ao nível dos equipamentos e da formação, o conhecimento dos problemas dos camiões modernos, entre outras razões, coloca as oficinas de marca numa posição muito vantajosa para efetuarem a manutenção e reparação dos veículos. “Sabemos que a manutenção dos camiões é demasiado importante para a JLS para estarmos nós a fazer essa experiência e a investir num processo de aprendizagem técnica que nunca chegará ao nível de uma oficina especializada”, assegura Nelson Sousa.

Contudo, na opinião do Administrador da JLS, os contratos de contratos de manutenção e reparação têm um “handicap” muito grande face a outras soluções, pois ainda falta experiência das marcas e das oficinas face a esta solução, trabalhando-se com uma margem de segurança que muitas vezes vem inviabilizar a operação, isto é, o custo manutenção de fazer a manutenção internamente ainda será muitas vezes superior ao de fazer a manutenção externamente. “Esta uma realidade de hoje, mas nós acreditamos mesmo assim, que realizando as operações de manutenção externa haverá menos anomalias, pois junto da marca a manutenção será sempre mais preventiva”, diz Nelson Sousa, acrescentando que “pela especialização das próprias oficinas o custo da operação de manutenção devia ser inferior e, tendencialmente, tem vindo a baixar”.

Para o responsável da JLS o mercado tem ganho experiência e maturidade nesta área, mas também “a manutenção deixou de ser estática para passar a ser dinâmica, isto é, o camião vai à manutenção muito em função da utilização que lhe é dada e não apenas pelos quilómetros que tem, o que também aporta alguma eficiência”.

Considera ainda Nelson Sousa que o mercado terá que evoluir numa visão mais comercial do negócio, em que a venda do camião seja logo associada ao pós-venda, pois é uma situação que traria enormes vantagens quer para as marcas, quer para os transportadores. “Quem vende o primeiro camião é a equipa comercial, mas quem vende o segundo é o pós-venda”, refere Nelson Sousa, que defende a especialização do pós-venda e a aposta nos contratos de manutenção e reparação, embora reforce que “anda existe um caminho a percorrer pelas marcas e pelas oficinas”.

Com as marcas a argumentar que os novos camiões estão mais fiáveis, mais seguros e mais económicos, o Administrador diz que não entende “porque razão os contratos de manutenção e reparação vão sendo mais caros, o que demonstra até alguma falta de confiança das marcas nos seus novos camiões”.

Renting não é opção

Atendendo à aquisição do veículo, aos contratos de manutenção e reparação, ao financiamento e ao valor residual, a JLS têm optado por não incluir o renting nas suas opções, assumindo o risco com o financiamento e com o valor residual.

Entende Nelson Sousa que face ao cenário do renting (no qual se paga uma renda pela utilização do veículo onde tudo está incluído), já apresentado por diversas vezes à JLS, a opção tem sido outra, mas “a nossa perspetiva é de ir avaliando o que o mercado nos dá a cada momento… por isso não excluímos quaisquer cenários”.

Oficinas

Todas as marcas de veículos que possui na sua frota têm representação na região de Viseu ao nível do Pós-Venda. Considera o Administrador da JLS que, apesar do contrato de manutenção e reparação ser feito de forma institucional com as marcas, tem que existir sempre uma relação de proximidade com o pós-venda.

Mesmo assim, Nelson Sousa, diz que existe ainda um caminho a percorrer pelas oficinas no entendimento das necessidades de manutenção e reparação dos camiões de uma frota, já que muitas vezes sujeitar um camião a uma programação rígida para efetuar a manutenção, não é compatível com a própria operacionalidade da frota. Explica o mesmo responsável que também neste aspeto tem que haver evolução por parte das oficinas de que é preciso mudar e de que há espaço para tal.

PNEUS: UMA ESTRATÉGIA DIFERENTE

Se o objetivo da JLS era também externalizar o serviço de pneus, como acontece com os serviços de manutenção e reparação da frota, a solução encontrada acabou por ser um pouco distinta. Explica Nelson Sousa, Administrador da JLS que “não encontramos em Viseu nenhum operador de pneus que prestasse os serviços de pneus que nós pretendíamos”. Entende a JLS que os pneus são um componente muito importante que tem muito mais de técnico do que aquilo que parece e, como tal, decidiu chamar a si a gestão dos pneus criando a empresa uma solução própria, que passou pela abertura da JND.

“Tal como na mecânica, externalizamos a operação de pneus, mas criando uma estrutura especializada, que hoje presta serviços não só para a frota da JLS, mas também para todos os clientes que pretendam os nossos serviços”, refere Nelson Sousa. A JND é um retalhista de pneus, que está fora das instalações da JLS, que disponibiliza os seus serviços a qualquer cliente, sendo que um deles é a JLS, possui especialização na gestão de pneus nas frotas. “Os pneus têm muita particularidade que muitas vezes é ignorada pois não somos especialistas e não temos tempo de ter uma visão mais atenta sobre alguns pormenores”, refere Nelson Sousa, dizendo que “foi por isso que criamos uma estrutura profissional e especializada que se dedica em exclusivo à gestão dos pneus, que possui os melhores meios técnicos para a fazer”.

A exigência da JLS com a gestão dos pneus é muito grande, estando neste momento a empresa a equipar a sua frota com o sistema TPMS. Desta forma é monitorizada constantemente a pressão e a temperatura dentro dos pneus, produzindo diversos relatórios que são geridos pela JND. “A ideia é ter a frota toda equipada com este sistema, que nos permitirá também avaliar outros problemas, por exemplo, uma variação de temperatura sem que existe alteração da pressão pode indicar um problema no sistema de travagem”, refere o responsável da JLS, enumerando os benefícios desta solução. A JND tem a seu cargo toda a análise estatística sobre a gestão dos pneus (por piso, por medida, por marca, etc) bem como avalia outros fatores essenciais para a tomada de decisão.

“O pneu é um grande influenciador do consumo do camião, disso não existe duvida, pelo que ter a gestão profissionalizada deste componente é muito importante”, refere Nelson Sousa. Atualmente, a JLS tem acordos com a Michelin e com a Goodyear, utilizando também soluções em recauchutado (em tração e semirreboque). “Em todas as empresas que trabalham connosco o recauchutado, existem compromissos claros ao nível da qualidade do produto”, explica o mesmo responsável, dizendo que quando foi dado esse passo na exigência ao nível da recauchutabilidade, o número de problemas na estrada diminuiu drasticamente. “Não procuramos o produto barato, o que queremos é produtos que não nos dêem problemas”, afirma Nelson Sousa.

Semirreboques

Tal como acontece com os camiões, também os semirreboques são adquiridos pela JLS. A opção tem sido pela aquisição de marcas alemãs de semirreboques por razões estratégicas, que estão normalmente em frota cerca de 10 anos. Toda a assistência técnica é garantida pelos representantes das marcas de semirreboques, embora Nelson Sousa garanta que “o nível de incidências ou problemas com os semirreboques é muito baixo”. Para terminar, refira-se que para efetuar a gestão permanente da sua frota, a JLS possui telemetria redundante, isto é, existem sempre duas soluções de telemetria por cada viatura. Apesar de fornecerem dados semelhantes, a verdade é que cada sistema aporta a sua informação de forma distinta, o que é considerado fundamental para a gestão da frota.

Acesso à informação…

Um dos grandes problemas atuais para uma frota de pesados é a multiplicidade de sistema de informação disponíveis que raramente estão integrados uns com os outros.
Nelson Sousa diz que a solução deverá passar por um protocolo de comunicação que sirva diversas necessidades, tendo estado envolvido em diversos projetos nesse sentido, que visavam a integração de dados de diversos sistemas, mas considera que ainda existe um longo caminho a percorrer.

Porém, relativamente às soluções que estão embarcadas nos modernos camiões, refere Nelson Sousa que “existe muita resistência para o desenvolvimento e disponibilização de informação, do ponto de vista de telemetria, por parte das marcas. Os camiões têm muito mais dados e muito mais informação do que aquela que as marcas querem dar a conhecer”. Isso obriga a que os transportadores recorram a soluções externas para recolher essa informação, como também “coloca-nos dúvidas sobre as razões das marcas não quererem disponibilizar essa informação”.

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